Nossa evangelização ensinou o índio a ter parábolica, calção da
Adidas e chinelo Havaianas. Não ensinamos a misericórdia, o perdão, o
dar de si mesmo. Em dois mil anos de cristianismo ainda não aprendemos a
repartir o Evangelho sem sufocar a cultura do outro. Somos ótimos
catequizadores, mas péssimos evangelistas.
Essa nossa persistência em moldar a cultura segundo nosso conforto é o
que gera tantos conflitos. O mundo modifica a si mesmo em ciclos de
tempo cada vez menores. A Igreja ainda idolatra a liturgia e as formas.
Nossa maneira de cultuar a Deus é o ídolo que ocupa no nosso coração o
lugar do próprio Deus. Apelos desesperados à importância da “tradição”
não enfatizam que algumas coisas precisam ser esquecidas.
Choro pelas crianças que serão adultas num futuro próximo. O
Evangelho que transforma o homem, independente de sua cultura, está cada
vez mais distante. E infelizmente não há luz no fim do túnel.
Se zelamos pelo Evangelho, não fazemos mais do que nossa obrigação.
Se zelamos pela tradição, somos prudentes. Se negamos a cultura, somos a
manifestação visível do anticristo. Pois aquele que nega que Cristo
veio em carne (isto é, viveu como homem), está negando o caminho da obra
redentora de Jesus Cristo.
Falta nos dias de hoje o cristão humano. Aquele que sente a dor do
outro e que se move na direção do que sofre. Porque uma espiritualidade
que não transforma a realidade é apenas masturbação.
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