“Um pequeno grupo de cristãos se reúne em uma
casa tibetana. Eles chegam a casa, ocultados pela escuridão. As cortinas estão
fechadas, é claro. Ninguém quer que os lamas – os líderes espirituais do Tibete
– saibam que eles adoram a Cristo. Começam a entoar uma canção no idioma
tibetano. Eles cantam suavemente, quase
que de forma inaudível. ...” (destaque meu).
Ao ler no
informativo do Ministério Portas Abertas,
mês de setembro (2012), enviado aos parceiros ministeriais, o relato da
situação crítica em que se encontra a igreja cristã na China, onde os irmãos
tibetanos, por razão da dura perseguição, se reúnem escondidos nas casas
ocultadas pela escuridão e a maneira deles prestarem culto a Cristo, me deixou emocionado.
Esses aguerridos irmãos, para não serem descobertos pelas autoridades tibetanas,
fecham as cortinas das casas e lá dentro da escuridão “sussurram os cânticos” docemente.
Não é loucura deduzirmos que eles leem e estudam a palavra “sussurrando”
também. O som de adoração quase
inaudível. Suas vozes não podem ser ouvidas! Suas vozes não podem ser
identificadas! Elas são sufocadas pelo medo de uma esperança em meio à
escuridão. Reprimidas pelas incertezas vislumbradas de um futuro com suas
cortinas fechadas. Seus corações anelam desesperadamente por um facho de luz
que ilumine o caminho da verdadeira liberdade. Liberdade para louvar nas
calçadas e esquinas! Liberdade para pregar àqueles que tanto eles amam!
Liberdade de viver intensamente uma fé genuína! Liberdade de explodir em gritos
pelas ruas e praças de toda a China a verdade oculta em suas almas – SÓ JESUS É DEUS! Mas enquanto isso eles
apenas sussurram nas casas ocultadas pela escuridão as verdades divinas e o amor
de, e por Jesus Cristo.
Esse contexto
religioso, vivenciado pelos amados irmãos tibetanos, invade de súbito o meu
coração igual a uma correnteza impetuosa provocando rachaduras e estragos nos
alicerces da nossa “inabalável fé”. Eles sonham com a liberdade de proclamar o
nome de Jesus pelos quatro cantos daquele país. Clamam a Deus para que suas
vozes não sejam mais sufocadas e reprimidas pela insensatez das trevas alojadas
nos corações daqueles que governam aquela nação. Diante de tudo isso, e de
vivermos em uma conjuntura política-democrática e pela constitucionalidade de
sermos um país laico a nossa razão deflagra inúmeras perguntas – Por que
podemos gritar, mas nos silenciamos? Por que podemos ir às praças, mas nos
escondemos nos templos? Por que podemos abrir portas para o evangelho, mas
continuamos com as cortinas fechadas? Por que a luz da liberdade cristã é
ofuscada pelas conveniências e interesses pessoais de nossas vidas? Por que
somos tão acomodados no direito e privilégio de viver e pregar Jesus Cristo?
Por quê? Por quê? ...
Amados (as)
nos infligimos limites em tirar proveito da liberdade que ilumina a nação
brasileira. Somos cristãos autorrestringidos no serviço do Grande Mestre e ainda
insistimos em nos chamar e nos configurar como - Igreja Livre. Diferente da igreja perseguida na China, em que os
sussurros ecoam como brados no mundo inteiro, incomodando os tímpanos
espirituais de uma denominada - igreja livre - que, diferentemente dos irmãos
tibetanos, os seus gritos não ultrapassam as paredes dos suntuosos templos
cristãos que estão sendo construídos e acabados pelo cimento e argamassa da vaidade
humana. Há dois tipos de igreja sussurrando neste mundo – a Igreja Perseguida sussurrando porque vive
sufocada pela insensatez e abuso de poder dos despóticos em muitas nações no
mundo inteiro, privando-a da liberdade de adorar a Cristo, e a Igreja Livre que persiste em sussurrar
pela indiferença e insensibilidade desprovida de coragem para sair do
ostracismo espiritual, privando-a de crescer em Cristo. Lamentavelmente faço
parte de uma geração livre que sussurra, silencia e emudece em um tempo de portas
abertas para pregação do evangelho da salvação na Pessoa de Cristo. Mas minha
alma neste momento quer clamar por liberdade. Minha voz é livre! Posso gritar sem
cortinas, sem escuridão, sem perseguição e sem medo - SÓ JESUS É DEUS! Não quero fazer parte de uma igreja que “sussurra”
quando está “gritando” nos seus iluminados e sofisticados templos desse país, mas quero
fazer parte da igreja que “grita” quando está “sussurrando” na escuridão dos
porões ocultos de muitas casas do mundo inteiro.
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